DE PAI PARA FILHO
(Poesia escrita em maio de 2003, dias antes da morte do meu pai, logo depois do meu último encontro com ele no hospital, em BH. Até então não havia conseguido publicá-la. Aqui tem coisas que ele amava e que só os proximos conseguirão entender. Para você, Hélio Corrêa!!!)
Passo-lhe as rosas perfumadas pela terra,
Como no meu canto solitário pela estrada,
Passo-lhe a vida renovada, boa hospedeira,
Com a cara da morte, uma vizinha próxima.
Passo-lhe os medos, desejos de menino,
Com pés de manga sombreando as almas,
Com meu pranto seco e meu rosto pálido,
Passo-lhe os braços meus aços de ontem.
Passo-lhe o outono, cinza asfalto solitário,
Céu semi negro da memória desgastada,
Como minha luneta semi cega, que não lê,
Passo-lhe os meios, enfim meus receios.
Passo-lhe o bem possesso neste berço,
Como o rosto da mãe e o gosto do vinho,
E toda a vida bem maior que um tropeço,
Passo-lhe neste mundo os meus sonhos.
Agora, não espere que eu fique para sempre...
(Poesia escrita em maio de 2003, dias antes da morte do meu pai, logo depois do meu último encontro com ele no hospital, em BH. Até então não havia conseguido publicá-la. Aqui tem coisas que ele amava e que só os proximos conseguirão entender. Para você, Hélio Corrêa!!!)
Passo-lhe as rosas perfumadas pela terra,
Como no meu canto solitário pela estrada,
Passo-lhe a vida renovada, boa hospedeira,
Com a cara da morte, uma vizinha próxima.
Passo-lhe os medos, desejos de menino,
Com pés de manga sombreando as almas,
Com meu pranto seco e meu rosto pálido,
Passo-lhe os braços meus aços de ontem.
Passo-lhe o outono, cinza asfalto solitário,
Céu semi negro da memória desgastada,
Como minha luneta semi cega, que não lê,
Passo-lhe os meios, enfim meus receios.
Passo-lhe o bem possesso neste berço,
Como o rosto da mãe e o gosto do vinho,
E toda a vida bem maior que um tropeço,
Passo-lhe neste mundo os meus sonhos.
Agora, não espere que eu fique para sempre...