NA REAL
Eu era um homem feliz
até que um dia caí na real:
os sonhos, matei com as próprias mãos;
a felicidade, retalhei em pequenos pedaços
com a navalha da ilusão;
os planos, desfigurei lentamente
sentindo um prazer demente
em vê-los mortos no chão;
o amor, assassinei sem piedade
com requintes de crueldade
e vingança;
e o meu coração, transformei
numa massa disforme e vazia,
como prova da minha agonia
e enorme revolta.
Ah, pobre alma atormentada...
Eu era um homem feliz.
Hoje, sou apenas um homem,
mais nada.