A ÁRVORE CAÍDA
 


As folhas arrastadas pelo vento
Crepitavam no asfalto quente.
Na beira da estrada, o tronco caído.
Galhos murchando de tristeza
Querendo ser novamente sombra, abrigo de aves,
Mãe de muitos frutos,
Origem, flauta de brisa, descanso...
 
Passei sobre seu manso morrer,
Silencioso e lento,
E o que mais me feriu, foi o seu silêncio,
Que não se queixava, e a ninguém culpava!
 
Doeu-me, porém, relembrar, e calar, e saber
Que cada um de nós
Ergueu o machado fatal e amputou um galho,
Dia após dia, palavra por palavra,
De olhos abertos, de olhos fechados,
Até a queda fatal, o último talho...



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 22/02/2016
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