ESTA NOITE

Ó pranto vil que não desata agora
em que se aflora esta tristeza imensa,
quando a descrença aqui se avigora
e se evaporam verdes esperanças.

Estes segredos que minha alma encerra,
trava esta guerra contra minha fome,
fome de amor que me prende à terra
e que me aterra e que me consome.

Os braços ternos de um sonho lindo,
quase que infindo eu pensei que fosse,
porém, o astro do céu foi sumindo 
e aspergindo o amargor no doce.

Perdidas horas eu passei cismando,
que minha aurora breve raiaria,
no entanto as trevas foram dominando
e fez-se noite ao invés do dia.

Quatro paredes mornas, cor-de-rosa,
que pavorosas me parecem agora,
pois, minhas horas tristes duvidosas,
trazem revolta e amor imploram.

Sei que meus versos imbecís parecem,
para os ouvidos desse ser ingrato,
meus pobres lábios murmuram uma prece,
mas se embrutecem como um insensato.

E nesta noite que o silêncio aplaude,
minha tortura de viver chorando,
o grande amor que tanto me ilude,
nestas estrofes eu vou expressando.

E que esta noite o amanhã avise,
que esta mulher precisa de alguém,
para que eu veja meu sonho em reprise,
na realidade que me nega o bem...


(imagem do google)