Pássaros!
Pássaros
Enquanto eu não aceitar que nasci para voar sozinho
Irei continuar rastejando nesse chão pútrido
Reclamando das escolhas que fiz (con) inconscientemente
Encontrando defeitos e desleixos em todos os caminhos que seguir
Porque afinal, eu não nasci para caminhar,
Sinto isso toda vez que olho para o céu
Como se nos conectássemos
Ele me dizendo “Me toque”
E eu perguntando “Como?”
Enquanto eu não aceitar que nasci para voar sozinho
Toda oportunidade será uma frustração
Todo desejo não será nada apenas do que dor
E meus sonhos se distorcerão em cinza
E serão lindos pesadelos sem fim.
Sinto isso toda vez que vou dormir
Naquele momento que as manhãs fazem sentido,
E onde nos tocamos que a tarde passou rápida
E que já fizera esse mesmo ritual por inúmeras vezes
“Estamos ficando velhos, e não tem mais desculpas!”
Enquanto eu não aceitar que nasci para voar sozinho
Sentirei - me sempre só
Algo um pouco mais complexo do que se sentir assim em meio à multidão,
Porque afinal, a multidão nunca me interessou
É como uma tempestade forte, com tornados e raios
Tudo se mistura e fica catastroficamente belo e destruído,
Como as memórias escritas de um poeta que nunca amou.
Enquanto eu não aceitar que nasci para voar sozinho
Ire continuar rastejando nesse chão pútrido
Questionando onde errei nas escolhas
Não escolhendo nada
Invejando a tudo e a todos que do alto me observa
Parado no mesmo lugar
Algo incomensurável,
Muito pior do que perdido.