Taça de Vinho
O vinho, a madrugada, esse teu cheiro
Teu cheiro que se anuncia partindo
A luz, a tela, a lua
Tudo me remonta o póstumo
Tudo me penhora, me transfere
O vinho, o jovem sol e minha fome
Tão de repente; Certas vezes
eu ainda escuto um bater de lábios
Tudo alegre, tudo tão certo
Tudo me amarga, tão próximo
A cama, as horas e o clarão
A indefesa amostra de toda solidão
No espelho a lágrima, o soco, o sangue
Tudo me atormenta e clamo e teu nome
Luz bruxuleante, a tarde
e o teu cheiro me inebriando o olfato
O vinho me distorcendo a vista
A tarde meu cansaço
E a noite minha eternidade
A luz acessa mais torpe me atropela
Meu tempo se acomete, meu amor
se adormece, e o espinho cravado
adentrar-se na espinha dorsal
Na pele