VIOLENTADO - Poesia nº 19 do meu segundo livro "Internamente exposto"

Vivo nesta minha solidão que se

Consome em vastas vergonhas...,

Pelo destino que me sorveu em asco,

Por um maníaco cruel e desgraçado.

É o desprezo que se escorre de mim,

De uma maneira intensa e, tristonha,

Envolta nesta agonia - ao meu lado!

Sou resto de alguém, parte destruída,

Por quem desumanamente fui ferido!

Eu sou o mártir desta violência animal,

Ao infortúnio, em dó desta minha vida!

Sequelas deixadas por um estuprador,

Numa atitude miserável, sem sentido,

Onde travei esta luta sem poder gritar

Vitória, sobrando-me um triste final!

Fui uma vítima, fui muito maltratado.

E por esse destino tão amaldiçoado,

Meus maravilhosos sonhos entraram

Nas imensidões de um mundo triste!

Era um vale negro de sombras frias...

Havia um lago, de todos bem distante,

Onde desaguei os meus sentimentos

Levados na incerteza da esperança!

Minhas lágrimas em gosto de morte,

São os suores dessa maldita aflição,

Que saem dos meus poros em dores,

D’um choro vazio, muito vazio de amor.

Calafrios do corpo entravam na alma,

Varavam a carne por tal depravação.

Meu coração frio e morto foi jogado

E abandonado neste vale de pavor!

Antes do meu fim, espero ter

Um retorno em prosperidade,

Para sair da sepultura da vida

Que ainda teima em me habitar,

Desde a minha morte naquele dia,

Onde perdi a magia da inocência.

Meu amor se tornou amargura!

A minha face tenta se esconder

Na máscara d’uma falsa alegria.

E imploro por piedade na porta do tempo

Que me arrasta em meio ao cego existir,

Tão frio, nesses anos de consternação,

Que antes eram de paz e felicidade,

Dentro da minha alma livre e casta!

Deus, por favor, leve o sofrimento

E cure-me de vez da crucificação!

Só dentro de mim está a verdade

Do dano que minha mente sofreu.

A pena dos outros entre os favores

E agrados - nada disso traz livrança!

Sou o teu filho menino que cresceu,

Levo uma vida que ainda não morreu,

Mesmo que o mal - meu corpo pungiu,

Quando assassinou o meu ser criança.

O anjo da crueldade me escolheu

Como fosse troféu da devassidão,

Depositado nos altares da loucura.

Na imensidão, sem abrigo, sem luz,

Preso na própria dor que já findou

Meus encantos, nesta escravidão.

Eu vago pelas sombras desse vale,

Para enfim, enterrar a minha cruz!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 25/01/2016
Código do texto: T5522111
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