A CORTESÃ VENEZIANA
Em quantos leitos deitastes indiferente,
De quem, ao teu lado, ali pudesse estar.
Tivestes uma vida sem escolha para amar,
Não te pouparam nem o sonho aparente.
Em festas faustosas de luxo e belezas,
Valsava. Mas também ao som mais velado,
Escondendo teu amor num sonho acabado,
Qual flor servida de repasto à nobreza.
Em plumas e enfeites de belas roupagens,
Enfiavas teu corpo nu, como um sedutor,
Deixavas de lado tua alma e o teu pudor,
Fazias parte do acervo daquela paisagem..
Entreter aos convivas nas festas pagãs,
Era o teu encargo e desempenhavas bem,
Nada mais te sobrava e estavas também,
Envolvidas demais com outras cortesãs.
Fingir um sorriso feliz e permanente,
Era parte do ritual que devias fazer,
Embora adulada, não sentias o prazer,
Que sentem as amantes ternamente.
Agora já envelhecida ficastes de fora,
Das grandes noitadas, pranteias a dor,
Ficou mais murcha, tal qual uma flor,
Passou o tempo, te sobrou, viver agora.
macOrsi