A menina da esquina

Na esquina a menina passou

Com as mãos erguidas se levantou

Pedindo dinheiro, em troca de amor

Gorjeta?

Trocada no sonho de fazer o homem feliz

Pobre e pequena jovem atriz,

Apenas uma gorjeta

Para matar a fome de uma ninfeta

Que de pés no chão, ergue as mãos

E pede gorjeta em troca de amor,

Não posso condenar a quem se empresta

Não se dá,

A quem é manifestamente carente

Que nem sabe o que é amar,

Mas, deixa, para o mundo ela é indiferente

Menina suja, indecente

Que fez o hipócrita gozar,

São tantos prazeres sei lá,

E só uma gorjeta, para se festejar

As palavras tão prontas que assustam:

Gorjeta, para amor profundo,

Nem fala de sexo, ou prazer

Apenas publica de voz alta:

Dê-me uma gorjeta para eu amar você!

Pobre menina

Que na esquina, levanta seus pés e ao mundo ensina

Que toda a inspiração por mais medíocre que ao mundo pareça

Pode matar a fome, a sede, mas entre tantas indiferenças

Mata a sua natureza,

O seu tempo de ser menina

De ter proeza, na mais linda e suja beleza,

Então, ela pronuncia em alto tom,

Hoje, quero uma gorjeta

E lhe mostro o meu dom...

Pobre menina com as mãos erguidas

Morre aos poucos

No colapso das feridas

De quem aceita a gorjeta

Para completar um dia só da comida,

E o tempo passa, e lá vai a menina

Parece que amaldiçoada

Pela suja gorjeta grã-fina...

Del Dias
Enviado por Del Dias em 14/01/2016
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