Sombrios Versos

Triste e sujo,

Num canto escuro e escondido,

Jaz meu violão.

As melodias, antes doces e românticas,

Que dele tirava,

Hoje são frias e amargas.

Em suas cordas, já não consigo dedilhar,

As notas musicais fogem dos meus dedos,

O som não é mais o mesmo.

O banco em que eu me sentava,

Também ele,

Até mesmo ele,

Está opaco e maltratado,

Corroído por insetos,

Não me suporta mais.

A voz suave que cantava

As mais românticas e belas canções,

É hoje amarga, triste e desafinada,

Deixou de sussurrar doces palavras,

Parece querer gritar.

Talvez não seja o violão, o banco e a voz,

Que estejam diferentes.

Quem sabe é minh’alma,

Mergulhada em preocupações e tristezas,

Que mudou.

Pode ser que eu tenha perdido

O dom de ser suave e romântico.

Sim, agora posso ler a lápide:

Jaz, aqui, a alma de um poeta.