SILÊNCIO NATALINO
O Natal chegou devagarzinho este ano,
não chamou atenção;
não cumprimentou ninguém,
veio com a boca atada ao chão.
As luzes esconderam-se entre os vaga-lumes.
Os sinos soavam em sussurros desanimados,
a ceia ofereceu se amargamente,
papai noel ficou gripado.
Meus sonhos dormiram cedo,
os foguetes explodiam de paz.
As igrejas fecharam só de manha.
De repente,
meia noite era trade demais.
Uma noite sem barulho,
elegantemente antipática.
''Oh mas que nojo deste céu desajeitado!''
''Livrai me desta lua tão estática!''
''Vá em frente e me chame de velha chata,
talvez eu te elogie também,
mas agora ,seja gentil e me deixe,
sozinha com minhas dores,
na minha casa que fede a flores,
ceando meus traumas,
bebendo meus temores.
Fale comigo amanha,
estarei mais calma,
desequilibradamente bem,
elegantemente estática,
ouvira de longe minha risada,
ecoando do alem.''