Transmutação
Tranco-me a voz
dentro de um quarto
cerrado a chave
na companhia de culpa,
fraquezas e alguma vaidade.
Quanto os protejo ou me puno
privando-nos o contato?
Nenhum ou ambos...
Mas à sós, de certo
não sou incomodo nem veneno.
Talvez apenas um auto imposto flagelo.
Envergonhada confesso
já fui candidata à perfeição,
abandonei a algum tempo
essa impossível e demasiado
ingênua pretensão.
Necessito dar-me o direito à compaixão
único unguento capaz de cicatrizar feridas
e expiar a culpa que assola-me
oriunda de tão mordaz impiedade.
Essa é a missão laboriosa
do ser imperfeito em evolução:
transmutar crueldade em misericórdia!