Cabelos de sangue

Vejo seus cabelos negros,

se entrelaçam em meus dedos.

sua respiração leve e calma.

Seus olhos fechados num sono profundo.

...

Noite de 17 de junho,

um bar vazio,

um uísque fraco.

O vento da porta aberta balança meus cabelos.

Ouço risadas às minhas costas.

O gelo do copo vai desaparecendo...

Ouço a cadeira a meu lado ser arrastada.

Hey, mais um aqui.

E para a moça? – então, a percebo

Olhos verdes,

cabelos negros.

Apenas um pouco de uísque.

Não sei quando,

não sei como,

mas passamos a noite conversando...

nos encarando.

Ela me fez esquecer

os cabelos de sangue.

Noite de 18 de outubro.

o calor irritante.

As mãos dela tocando meu rosto.

Seus olhos pareciam brilhar sobre a fraca luz dos postes.

O sorriso já me acariciava os lábios.

Vamos viajar?

Vamos sair daqui, pra qualquer lugar?

Vamos fugir, sem rumo.

Só eu e você

Eu você e a estrada.

Nós e a noite escura.

E as estrelas

Noite de 19 de outubro.

Lembro-me de uma luz

vindo em nossa direção.

seus olhos brilharam amarelados.

O som estridente.

O som grave.

Vejo seus cabelos negros,

se entrelaçam em meus dedos.

sua respiração leve e calma.

Seus olhos fechados num sono profundo.

O sangue por entre meus dedos.

Seus olhos fechados.

A noite sem lua.

A vida sem estrelas.

Seus cabelos agora,

são como os de outrora.