No cemitério de teu esquecimento...
Eu te dei meus sorrisos através de uma tela,
toquei teu coração com minhas palavras,
caracteres incontáveis de sensações virtuais,
suporte em temporadas de grande solidão,
lágrimas de confissões compartilhadas,
tristes memórias de passados estranhos,
alegrias que nos moveram para frente,
distração dos problemas do cotidiano,
leveza da avareza das cobranças da vida,
construímos à cada dia nossa história,
um enredo que para muitos não era real,
pensamentos sincronizados além da distância,
ultrapassando a barreira da geografia,
inscrevendo novidades no tempo e no espaço,
deitamos por terra convicções antigas,
tornamos a ilusão um sonho paupável,
fomos felizes na ignorância dos sentidos,
tateando como cegos os rostos um do outro,
ouvindo a voz interior de cada um,
respirando o ar que fluía do bem querer,
nossos planos nasciam em uníssono,
cadenciando desejos e vontades,
mas tu nunca soubestes quem eu era,
tu nunca saístes de teu quadrado perfeito,
sempre fantasiastes aparências e conceitos,
quando tudo o que tinhamos era mais que essencial,
sempre esperastes que eu tirasse minha máscara,
para repudiar minha face de contornos não esperados,
não fostes capaz de perceber minhas verdades em cada mentira,
não houve amor suficiente para perdões e recomeços,
e eu lhe daria tudo o que a via necessitar,
eu lhe cobriria com carinho e proteção,
estaria sempre ao seu lado para te escutar,
jamais deixaria que lhe quebrassem o coração,
mas preferes passar dias e noites me amaldiçoando,
um demônio de quem não queres mais ter notícias,
um fantasma no cemitério de teu esquecimento,
dizendo sentir falta de alguém que a valorize,
clamando por alguém que segure tuas mãos,
aguardando um príncipe mais imaginário do que eu,
um alguém a quem já tivestes e virastes as costas...