ADEUS


Eu disse adeus abstersa,
Num gesto, deixei de olhar...
Fechei a porta entreaberta
A quem não queria entrar.


Eu disse adeus sem chorar,
Sem dramas, sem rompimentos,
Ficou pairando no ar
O fio de um sentimento.


Eu disse adeus num gemido,
De sopro quase inaudível,
Ficou perdido o sentido
De um sonho não mais plausível...


Eu disse adeus porque quis,
Pés nús sobre o frio chão
Do solo tão duro e gris
Da minha desilusão!


E
u disse adeus sem lamentos,
Parti sem voltar o rosto
A quem cultivou tormentos,
A quem destilou desgosto.


Eu disse adeus em silêncio,
Lamentando a indiferença...
Meus passos soaram tensos
Nas lajes da mal-querença. 

Eu disse adeus, e é tudo
O que eu podia dizer...
E quem permaneceu mudo,
Não há de me ver morrer.

De:


 


Purificação sem adeus acertado
despedida sem encontro marcado
silêncio de mutismo violado
sonhos não sonhados
urdiduras alheadas
estradas não caminhadas
mortes não assistidas
dramas inexistentes
 sobre um liso chão ardente.







 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 07/12/2015
Reeditado em 08/12/2015
Código do texto: T5472954
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