Artemisia absinthium
Olhando a tela, inerte e catatônico
sob os destroços de um mundo platônico
rasgo a madrugada a fora, em frente à TV
Na noite escura de tom negro degradê
Já quente e derretido, o delicioso pavê
marca o tempo ao passar e o coração não vê
Meus livros abandonados junto à sobremesa
Grudados no açúcar que escorre da mesa
Misturado ao sal das lágrimas no rosto
provo as ervas de um palato oposto
ao sorver na boca da losna o gosto
ao invés do doce sabor do mosto
Ah, o doce! O único doce que lembro
escorreu minha língua último setembro
Agora, de Artemisia, tudo o que sinto
é um amargo de lembrança e de absinto