Quem se importa?

Se me olhares e ver nada, não se assuste,

Sono se foi, e a solidão, voltou com força;

O olhar perdido, e no abandono das mãos,

A tristeza que consome, e ainda que custe;

Tentativas em vão, a alma vem, se esforça,

Mas abandonada se sente, sofre o coração;

Quem se importa? Nem tempo, nem vida,

Nem nada, se lágrima cai, seca nessa face;

É só uma fase, das tempestades indevidas,

Recorrentes feridas, abertas nessas mãos;

Até versos se perdem, poesia é tão querida,

Não conto nada, deixo que papel amasse;

Todos meus borrões, sou de mamãe filha,

Pareço filha da outra, é essa vida esquisita;

Que me deixou pelo caminho, nada restou,

Sou sobra de gente, pedaço frio que sobrou;

Caminhando perdida, sozinha nessa trilha,

Tentando entender, desesperada e aflita...

A vida me olha, fita, e diz que nada me deve,

Continua no sangue das veias, poros, pele;

Estações que ainda passam, floco de neve,

Releve, vista dignidade que sobra, não apele;

Que tudo é passagem, solidão não é martírio,

É escolha, siga ou se perca entre os delírios.