CAIU UMA GRANDE TECELÃ
A tecelagem não é a mesma
Os fusos, as linhas, novelos
Os teares já não soam como antes
Sentem falta da tecelã modelo
Moóca, bairro tradicional
Sempre chegava adiantada
O esposo baixou no hospital
E na creche sua última ninhada
Sofrimento tirava de letra
Era este o seu manejar
Preces, rogos e promessas.
Mulher de fé, a trabalhar
Nos bondes, trens ou a pé
Nada impedia seu duro afã
De cuidar de sua família
Esforços não foram vãos
Dos filhos sempre dizia
São cinco diamantes divino
Um deles vivia distante
Com a mais velha todo mimo
A terceira era a mais bela
A quarta mais prestimosa
O resto do tacho era
De perna defeituosa
A preguiça ficava longe
Após disputa acirrada
Por causa da bela mulher
O caboclo levo-a pra casa
Fios d’ouro seu cabelo
Era linda de verdade
Ficou órfã muito cedo
Trabalho, sofreu barbaridade.
Ainda que de modo tardio
A coisa mais linda viria
Com verdades profundas
Sua vida transformaria
Aprendeu a beber na fonte
Largou toda a tradição
Ajudou muita gente
Com a sua pregação
De dia ou de noite, falava.
De boas coisas vindouras
Muitos sempre a elogiava
A tecelã de fios d’ouro
A vida nos prega uma peça
Não por culpa do divino
A dama tão batalhadora
Num leito está se esvaindo
A forte fé que ela tinha
Ficará de todo indelével
As privações sofridas
Voltaram, sendo inevitável.
Estando ela sem forças
A cama será seu martírio
O ar que quase a sufocas
O brilho no olhar vai sumindo
Três diamantes chorando
A queda da Tecelã
Alem de muitos outros
Que a chamavam de irmã
Velhice doença e a morte
Fizeram uma combinação
Tirar a alegria forte
Dos descendentes de Adão.
Nota: a personagem faleceu em 14/03/2018.
By: Dead Dad 25/11/2015.