Quem sabe amanhã
Poderia te cantar uma canção,
mas não sou cantor.
Poderia lhe dedicar uma oração,
mas não sou pastor.
Poderia, poderia, poderia.
Poderia o que eu não queria,
poderia o que eu não devia.
Poderia apaziguar sua tristeza,
mas também não sou mago,
apenas trago um vagão de amor
no coração,
que por pura decepção
e em sinal de protesto,
desistiu de descer e subir o vale,
depois da podridão da lama
e da sujeira da alma humana.
Também estou triste,
não por ter sido no rio doce,
pois em qualquer local que fosse,
não justificaria o que eu poderia ter feito
e não fiz.
Aliás, a última coisa boa que fiz,
foi tornar alguém minha fã
e isso não é pouca coisa,
o gesto da transformação
e com tamanha exatidão,
bem que eu poderia também
torná-la feliz.
Poderia, poderia, poderia,
mas, quem sabe amanhã...