Quem vai saber que eu morri?

QUEM VAI SABER QUE EU MORRI?
Miguel Carqueija


Quem vai saber que eu morri
quando isso acontecer?
Pois neste mundo eu nasci
e aqui tive que viver.

Mas quem vai saber que eu morri
quando cessar minha voz?
Nasci, cresci e vivi
e a vida passou veloz.

E quem vai saber que eu morri
quando não houver contato,
porque desapareci,
o que aconteceu de fato?

Quem vai saber que eu morri,
amigos da vida inteira,
amigos a quem perdi,
levados como poeira.

Quem vai saber que eu morri,
quem irá no funeral,
quem não está mais aqui
lembrará deste mortal?

Mas quem vai saber que eu morri,
que esta vida é uma ilusão,
longo sonho que eu dormi,
ó Deus, dai-me Vosso perdão!

Pois quem vai saber que eu morri
mesmo após quarenta anos,
ilusões eu já curti
e hoje restam desenganos!


Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2015