DESENCANTO

Este rosto opaco de agora,
Já vibrou, cintilou outrora,
Já foi repleto de doces quimeras.

Esta alma desalada, pesada, cansada,
Já ousou, já foi leve, esvoaçada,
Abriu em festa a atmosfera.

Esta mulher amarga, nem sempre foi assim,
Acreditou no amor sem fim...
Na relação romântica, dinâmica, sincera.

Ofereceu o melhor da vinha,
Amou por dentro e por fora das entrelinhas,
Se projetou nas cores vivas da primavera.

Foi jardim de alguém que não mereceu,
Despetalou as flores e no vão do tempo se perdeu,
Impiedosamente, esmaeceu as suas têmperas.

Restou esta imagem perdida, que nada, da vida espera...