CORAÇÃO GELADO

Ah, Coração Gelado!

Não podes observar o mal que me concedes?

Não te preocupas com os danos que me causas?

Não te acerca da dor que me acontece?

Da tua altura mal me vês como homem.

Enxergas apenas o teu ego triunfal.

Não entendes a amargura que me impões,

Ou não te preocupas com meu momento terminal?

Ai, Coração Gelado!

Tua alma de aço inabalável não compadece.

Já nem sabes a dor que ora concedes,

Já nem te importas com as lágrimas ao teu lado.

Teu sangue clorofilático queima em minhas veias.

Me acorda na madrugada por não saber como extirpá-lo.

Me faz querer chorar por quem me empurrou para tuas teias.

Me faz chorar por ser inútil eu enfrentá-lo.

Ai, Coração Gelado!

Deixa-me partir ao som livre dos pássaros.

Deixa-me lembrar que neste corpo ainda há alma,

Que, sonhadora, não vê o momento de abandoná-lo.