Lágrimas obsoletas
Lágrimas de lama.
Lágrimas de sangue.
Lágrimas de fome.
Lágrimas de indignação.
Lágrimas de morte
Não há quem as estanquem.
Escorrem como chamas
Caem como granizo ao chão.
O chão enlameado.
Asfalto ensanguentado.
Os pratos vazios.
Medo, horror, arrepios.
Poderosos sedentos por poder.
Dementes, covardes com poder.
Ambos decidindo a vida.
Ambos deixando fendas, feridas.
Há pedras de gelo no peito.
Esfriando os sentimentos de bondade,
De amor, de fraternidade.
Mas flores nascerão do mesmo jeito.
Mesmo nas frestas do asfalto.
Mesmo no barro duro da lama seca.
Na terra árida sob a chuva de lágrimas
Vindas de nuvens de dores obsoletas
Para quem não sabe o que é amor.