Ardente devaneio
Ardente devaneio
Ao algoz Deus diante de minha face,
Aos pesadelos intermináveis pairando o paraíso,
Ao todo voraz pecado dominante,
Eu despeço minha alma.
Refletindo minha dor, minha morte e minhas cinzas.
Flutuando sobre um mar incandescente
De marés violentas
De mundos distorcidos, de vidas não mais assistidas.
Toda lágrima do pranto angelical
Em minha face corrompida,
Em meu dorso esfarrapado,
Em minha consciência fragilizada.
Cantarei perante os destroços de Hades,
Farpeando querubins duramente.
Olhos de uma humanidade aprisionada em mim,
Durante severas guerras às margens de covis de sangue.
Sábia alma, fiel devoção.
Perdão, meu pai.
Esquecido pela loucura, enjaulado pelo abandono.
Feridas incansáveis, esperanças findáveis.
Leve-me deste atordoante subconsciente.
Dê fim a esta irreparável e desvanecida entidade.