"O QUE ERA DOCE E O QUE NÃO ERA..."

Acabou-se

O que era doce,

De lama salgou-se,

Em sal dos olhos virou-se.

Mesmo o sal perdeu-se

Na lama movediça,

Tampouco salvará o veio d’água castiça

Todo açúcar do mundo.

Nem o choro nas barrancas o trará do fundo,

Está morto, lento, leva o leito moribundo,

Ao tristonho desterro

Matiz marrom-enterro.

Espalha-se medonho,

Levando o ribeirinho sonho

E dos vizinhos desesperados.

Nada o salvará, são entulhos desapropriados,

Por mãos inábeis e gananciosas,

Exploradoras, ambiciosas.

Acabou-se o que era doce

Na lama que o homem trouxe,

Mãos feitoras, ganância torpe e insana,

Do aprazível Rio Doce, elas fizeram lama.

A morte,

À noite sem luz,

Os homens,

As mulheres,

As crianças.

A vida acabou-se.

18:32

15.11.2015

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 15/11/2015
Código do texto: T5449793
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