Inexistência

Vejo tudo agora

Pintado de preto

E que meu único amigo

Já é apenas o medo.

Quando penso algo ruim

Já não mais me esqueço

E meu mundo jaz agora...

...pintado de negro.

Longe de mim,

Afasto-me dos outros

Tentando juntar-me os pedaços

Mesmo que ao poucos.

A mais leve brisa

Já me congela o corpo inteiro

Pois o frio reside em mim

E posso vê-lo ao mirar o espelho.

Mutilada de mim

Atirada viva à fogueira

É como presente me sinto

O tempo todo e por inteira.

Sentindo-me sufocando,

Assisto meu próprio queimar

Até que a dor seja tão grande

Que eu não mais possa suportar.

Não obstante o frio

E todo esse sofrer,

Insisto em torturar-me

E persisto em meu viver.

Degradada e humilhada

Pela minha constante impotência,

Desisto de todo o meu eu...

Entrego-me à inexistência.

Bárbara Dias