Flores! Por que só agora?
 
Passei ao seu lado uma vida
Esperando de você um buquê
Fosse rosa, dália ou margarida
Até um botãozinho, queria receber
 
Não me ofertou, uma se quer
Nem seu perfume pude sentir
Com as rosas, nem importaria
Se meus dedos eu viesse ferir
 
Ir buscar no jardim não podia
Presa numa cama eu estava
A beleza de um grande jardim
Nem de longe eu imaginava
 
Chegando o dia da minha partida
Liberta, a tormenta se acalma
E agora elas chegam em coroas
E seu cheiro invade minh’ alma
 
Uma vida inteira querendo
Apenas um botão receber
E agora adornando meu corpo
Presenciam o meu perecer
 
Logo murcham, perdem a graça
Queria bem viva, enquanto vivi
Por que agora me leva flores?
Se nunca me encontra ali
 
Aquelas que levas ao túmulo
Em meio ao vazio, se perdem, exalam
Aproveita seu tempo enquanto está vivo
Leve flores, presentei sua amada.



 
 
 
 
 
 
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 01/11/2015
Reeditado em 02/11/2016
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