Aquele momento...

Aquele momento que nos toca a alma,

nos foge aos dedos sem impressão digital,

sem rastros no caminho das ausências,

deixando apenas a tênue linha de sua existência,

o bastante para não nos tomar na insanidade,

respirando por guelras imaginárias sob o oceano,

como peixes que não têm uma Atlântida para se abrigar,

enfrentando correntezas nas curvas sinuosas da vida,

tentando expelir do interior toda essa dor que nos consome,

entre copos vazios de bebidas sorvidas em goles profundos,

perdidos em lágrimas eternas que nos turvam a visão...

Aquele momento que nos faz parar diante do precipício,

na exitação do vislumbre de uma frágil salvação,

tateando como cegos por escombros de solidão,

na depressão de pensamentos imersos em lamentos,

buscando uma última chance para sermos resgatados,

será que teremos para onde ir quando tudo isso terminar?

estamos tão despedaçados por essa luta incansável,

sentindo correr nas veias o desânimo das derrotas,

tentando purgar nossos pecados no moinho de ventos,

entre palavras não ditas e experiências malditas,

caídos do paraíso ao inferno com as asas arrancadas...