Meus moinhos

Olho para a cidade silenciosa

jaz um silêncio ensurdecedor

cães ladram amedrontados

galos cantam pelos cantos

no campo de pouso turbinas

parecem lavadeiras!

Pensamentos hostis devoram-me,

sinto-me um antílope manco!

O passado, porém, se faz presente,

eternizando meus dengos,

fazendo velar-se o meu amanhã!

Este silêncio não me corrói o íntimo.

O que me corrói é a minha vida,

não esta, mas aquela!

Este silêncio me trouxe a refletir

sobre o meu moinho!

Como num susto, arrancou-me do poço!

Meu moinho é movido pelas águas,

o passado trouxe-me a este silêncio,

de tentar adormecer. Insucesso!

Águas passadas movem os moinhos

resgatando do fundo o mais precioso!

O coração parece não ter vida,

parece clamar por respostas!

Respostas inconfessas

bramam feito a fome!

São batidas que ecoam em meu ser

que dorme enquanto pensa

e desperta enquanto dorme!

De tudo que não quero uma única coisa:

........................................................

ouvir o silêncio dos meus moinhos!

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 21/10/2015
Reeditado em 21/10/2015
Código do texto: T5421892
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