A DOR QUE SUFOCA
(Por Aglaure Martins -No Nada)
Calo-me
sem abrigo
no oco vazio
escondo-me
sufocante
frio onde permaneço
berço do desencanto
encontro-me
onde vive a saudade
morada da dor
das lágrimas
de um céu cinza
de um grito acorrentado
atado coração
despido de esperança
dança ao relento
feito louco lamento
uivo atordoante
da alma que chora
cambaleante
o incondicional amor.
Calo-me
diante da vida
desse maremoto
que me arrasta
que zomba de mim
gargalhando
da minha dor
da fraqueza
que me consome
na pequenez
do meu mofado ser
no vácuo onde vago
sem direção
na rota rota
solidão
em redemoinho.
Calo-me
porque não há voz
só o silêncio
que ensurdece
e enlouquece
um momento
eternizado
onde nunca se quis
o adeus.