A Onça
(Vida Sofrida)
Fui morar num lugarejo,
No cafundó de um grotão;
Distante do povoado,
Em um longínquo sertão.
Num rancho feito de palha,
Ali sem porta e janela...
Conservei aceso o fogo...
Triste noite foi aquela!
A onça ali por perto,
À noite toda, ‘berrou’...
Não dormi aquela noite,
Até que o galo cantou.
As crianças descansavam,
Vi onça se aproximar...
O dia já não demora,
E logo vai clarear!
Quando o dia amanheceu,
Vi a onça indo embora...
Ainda com muito medo,
Como vou fazer agora?
Abandonamos o rancho...
Oh! Triste sina era minha!
Fomos para o povoado,
Para não morrer sozinha.
Agora, então eu recordo,
Das tristes noites sofridas;
Dos bichos lá do sertão,
Daquelas cenas vividas...