MAS

Ah! se a minha poesia,
Fosse agora,
A límpida harmonia,
De um pomar,
A ação do verbo amar,
Na alma despetalada,
Ah! se ela fosse, ponte sobre o nada,
Uma porção de fé,
Na concreta, incerta realidade,
Um lampejo de felicidade,
Uma brisa que revigora.
...Mas, não, não, não é,
A minha poesia, é agonia,
Enviesada via,
É um corpo grasso,
Exposto ao mormaço,
É um anjo torto,
Um contexto roto,
Um gosto de pólvora,
É tensa, grito, seta,
Uma ausência de ar,
É a loucura manifesta,
No meu “(in)finito particular”.