Alma Triste

Acho que sou uma alma que nasceu triste

A felicidade é demais para mim

Meus lábios se contorcem dolorosamente se precisam formar um sorriso

E o ar foge dos meus pulmões com o esforço de uma risada

Acho que sou uma alma que nasceu triste

A ironia me vem fácil como uma piscada

O sarcasmo é meu companheiro de cama

E as lágrimas estão sempre observando tudo pelo canto dos meus olhos

Mas a felicidade? Essa é pálida, essa é tímida

Dá o ar de sua graça por breves momentos

E então se esconde de novo atrás da cortina

Acho que sou uma alma que nasceu triste

Triste como a lua pendurada sozinha no céu

Triste como o canto de um pássaro no fim do verão

Triste como uma despedida temperada de lágrimas salgadas

Triste como chuva numa tarde de domingo

Triste como um coração que se partiu de tanto amar

Acho que sou uma alma que nasceu triste

Porque a tristeza está sempre à espreita

Mas a felicidade me é fugaz e caprichosa

Porque eu sempre tenho dois milhões e meio de motivos para chorar

E só um punhadinho de motivos para sorrir

É que sou alma difícil de contentar

E vivo num mundo de expectativas sem par

Acho que sou uma alma que nasceu triste

Mas não fique triste por mim

Sou como a chuva que deixa a terra fértil

Para que todos possam ficar felizes quando virem o sol