De Outros Corpos

De Outros Corpos

Por que eu sou feito de meios,

Metades desiguais, obra infiel.

Outra parte está desconhecida,

Nos outros há muitos de mim.

Aquelas mãos que ali afagam,

Aqueles pés marcando o chão,

Aquele abraço que soa seguro,

A força que sustenta o mundo.

Se eu pudesse querer poder ser...

Quisera eu ser totalmente meu.

Mas ali e acolá alguém é eu,

Eu carrego alheias fragilidades.

Esforço-me a estar a meus pés,

Nem mesmo estes são só meus.

Desconjuntara, vejo fragmentos,

Risos, poesia, amargura, lamento.

Os ventos sabem que estilhacei!

Quem dera me juntasse outra vez.

Partes de mim no outro há rejeição,

Partes outras em mim há criação.

Fui tão levado e devolvido... (Nem sei)

Só queria ser todo meu outra vez.

Mas alguns pedaços não se conectam mais com a minha alma,

Pedaço de outros corpos.

Victor Cartier

Victor Cunha
Enviado por Victor Cunha em 30/09/2015
Reeditado em 30/09/2015
Código do texto: T5400178
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