QUEM SOU EU?
Eis que proponho um diálogo com o silêncio e lhe peço...
Favor permita-me dizer quem sou!
Sou tantas faces vendidas por tantas vozes... que sucinto não serei
Eu sou o erro que não errei e a cruz onde a insistência me pregou
O que por mais que eu quis não ser, mas sou
O que chorou bem onde o mundo proclamou que me alegrei!
O véu demonizado, a crise humana, o selo alado desse ódio coletivo
Que estava achado ao ser perdido, que voava onde caía`
À porta que se trancou e não devia
O dia que aos olhos julgadores foi anoitecido!
Atado ao bem, porém pintado em tela pelo mal
No espelho luz e sal, na esquina sombra e levedura
Preso a essa moldura, sincero aos olhos do aplauso teatral
Concretamente surreal, sinceridade amante em falsa jura!
E qualquer coisa outra que se diga, já que assim se decretou
Porque eu sou o que não sou, porque eu fiz o que não fiz
Entre a lâmina e o triz, calado a tudo quanto me escutou
Um condenado sou a ser o que jamais serei ou quis!