QUEM SOU EU?

Eis que proponho um diálogo com o silêncio e lhe peço...

Favor permita-me dizer quem sou!

Sou tantas faces vendidas por tantas vozes... que sucinto não serei

Eu sou o erro que não errei e a cruz onde a insistência me pregou

O que por mais que eu quis não ser, mas sou

O que chorou bem onde o mundo proclamou que me alegrei!

O véu demonizado, a crise humana, o selo alado desse ódio coletivo

Que estava achado ao ser perdido, que voava onde caía`

À porta que se trancou e não devia

O dia que aos olhos julgadores foi anoitecido!

Atado ao bem, porém pintado em tela pelo mal

No espelho luz e sal, na esquina sombra e levedura

Preso a essa moldura, sincero aos olhos do aplauso teatral

Concretamente surreal, sinceridade amante em falsa jura!

E qualquer coisa outra que se diga, já que assim se decretou

Porque eu sou o que não sou, porque eu fiz o que não fiz

Entre a lâmina e o triz, calado a tudo quanto me escutou

Um condenado sou a ser o que jamais serei ou quis!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 29/09/2015
Reeditado em 29/09/2015
Código do texto: T5397971
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