Casa sem espelhos...
Para não refletir esses olhos vermelhos
E não ver as tristezas, amarguras
Para poder sentir as lágrimas caírem
Sem vê-las escorrendo nessa face
Queria uma casa de quadros e flores
Para que não denunciassem a cada manhã
Que o ser ainda vive, que o coração ainda bate
Mesmo que a esperança esteja morrendo
Ou então que os espelhos tragassem a tristeza
Consumissem com toda a dor e as lágrimas
E a face resplandecesse em brilho e sorrisos
Não é a contagem dos anos que traz medo
Eles passarão para todos, mais para uns
Que para outros, incomoda lavar o rosto
E ver que a alma devolve tanta tristeza
Que a felicidade são instantes, beijos passageiros
Que as tempestades agitam o mar todos os dias
E que mesmo buscando calmaria, não há paz
Ando cansada, e a poesia vem me embalar
Mas a alma anda pesada demais
Quer versar tristeza, só quer chorar
Ando cansada de pedir desculpas
De lutar, de querer sem poder
E pior, de amar, queria viver sem memória
Na seleção das minhas lembranças
Colhendo flores todos os dias
Mas os espinhos vem e sinto a dor
E vejo o sangue escorrendo das mãos
E o bálsamo que poderia aliviar o sofrer
Não veio, nem nunca virá, se foi...
Não perdi a fé em Deus
É Nele o sustento
Nem deixo de amar
Só ando cansada dessa vida
Cansada de sonhar
Cansada de olhar no espelho
E nada encontrar...