Beleza...Inutil

Cansada demais, para repetir...
os sons que ainda ecoam do passado
As madrugadas mal dormidas e o silêncio... 
que não se quebravam, com sua chegada
Cansada demais...
para carregar os mesmos fardos, sujos e pesados
Da espera, que nunca se findava...
perdida de tua ausência
Cansada demais...
para ficar de pé ou levantar a cabeça
E fixar os olhos descrentes, dos restos de teu passado
Do odor fétido de tais lembranças 
Cansada demais...de estar presente
Entre o passado e o futuro, onde o presente ficou atolado...na mentira de teu longo silêncio
Onde um grito ficou preso na goela...
e esperava o momento certo de sair
Cansada demais, para ficar parada...
para deixar minhas palavras caladas
Enquanto os dias se perdem...e a juventude se afoga
Onde a alma desce lentamente...
na areia movediça das dores
As mesmas que sucumbem lentamente...
sem se debater, sem pedir socorro
Cansada demais...para acreditar
Enquanto lá fora, a chuva rega sem querer...
as margaridas que ganhei, no pequeno jarro 
na janela do meu quarto
Que ainda trás alguma beleza...
inútil, neste momento.