Restando
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Restando
Preciso fincar os pés no chão.
A fantasia me consumiu a solidez dos passos.
Preciso calcificar minhas cansadas vértebras.
Correr no mesmo lugar, enganado, enfraqueceu meus ossos.
Preciso de água, urgentemente.
A transpiração da espera ressecou meus lábios vazios.
Devo pensar a vida como realidade.
Esmorecer diante do intocável não foi sensato.
Devo ostentar para o mundo apenas o que tenho.
Ser, não foi suficiente – apenas diferimento e dor.
Devo ressignificar o sentido e o sentir.
E entender que agora o melhor foi partir.
Preciso reconstruir pontes, elos, olhares...
Devo abrir portas e janelas para o casual, sem farsas.
Preciso olhar novos olhares, menos dissimulados.
Devo entender que fins e recomeços se imiscuem...
Preciso continuar navegando, esquecer o cisalhamento.
E devo cortar novos cortes, sangrando o inimaginável da vida.
Nijair Araújo Pinto
Iguatu-CE, 5 de setembro de 2015.
16h26min
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