Menino Sírio
O barco balança,
Quase vem a pique.
E eu como criança,
Peço a minha mãe pra que fique.
Despatriado pela guerra,
Uma criança sem terra.
Somente o mar conterrâneo,
Das águas do mediterrâneo.
Que insiste nos submergir.
Mesclando nosso sangue,
No transparente gosto salgado,
Dessa água que me impede de rir,
Por me fazer das ondas vitimado.
Já não sou mais petição,
Sou água agitada pela mão,
Que não sabe nadar.
Refém do desamor do irmão,
Que nos fez naufragar.
Mamãe, meu choro não é sírio,
Não tem cor, é de martírio,
Nesse mundo de guerras a declarar.
Enquanto meu corpo vai-se tranquilo,
O meu espirito o vê a divagar.
Mamãe, agora o vejo acolhido,
No conforto da areia do mar.
Essa paz seria melhor se contigo
Estivesse em teu colo a me afagar.