Realidade

Protestante incansável, encarnei,

Desistindo de sorrir futilidades

Hipocrisia é viver sem perceber

Que na vida o que estraga é a vaidade

Decidi chorar a dor de minhas irmãs

Que a dura realidade as aprisionam

São detidas porque querem liberdade

São caladas aprendendo a ter vergonha

Chorei sangue ao sentir as chibatadas

As favelas, os presídios visitei

Eram as casas do meu sangue, minha raça

E cansada disso tudo até chorei

Vi pessoas poderosas, bem vestidas

Com seus planos de roubar nossas crianças

Já negaram seus direitos, seus anseios

E conspiram em roubar a bela infância

Vi no estádio arremessos de bananas

Vi assédio, violências, agressão

Vi na pele as chibatadas dos senhores

Que rotulam de bandidos os meus irmãos

Vi na escola meus meninos tão cansados

Vi também os professores já sem fé

Vi um sistema que destrói quem for mais fraco

Senti o peso que carrega uma mulher

A negrinha de iludiu e se envolveu

Mas o nego foi embora e nem ligou

O governo não deixou ela abortar

Mas ilegalmente ela abortou

Consequências são tão óbvias leitor

A negrinha já morreu de infecção

Uns dizem ser a justiça de Jesus

Outros dizem que ela não merece perdão!

O pretinho foi suspeito de um crime

Mas ninguém quis esperar o julgamento

Amarraram o suspeito em um poste

E lincharam meu irmão sem argumentos

São pedradas que ganhamos ao nascer

São presentes que meu povo não pediu

Realidade é difícil de se ver

É mais fácil de falar quem já sentiu

Fantasias são direitos de quem pode

Meu povo foi proibido de sonhar!

Realidade é dever de que não pode

Nem ao menos uma lágrima derramar.

LARI SSA
Enviado por LARI SSA em 02/09/2015
Reeditado em 23/07/2016
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