A Colecionadora

Ela é uma colecionadora,

Não é algo que se adora,

Saindo vagando mundo afora,

Enquanto sua vida vai embora,

Fazendo-o sonho ninar,

Para ela é apenas o acordar,

Você tem que fugir, tentar correr,

Mas ao fundo vão se conhecer.

Ela coleciona corpos, almas, emoções,

Sabedoria, ignorâncias, razões,

Sangue, corações, pulmões,

Saudades, ódios, amores,

Traições, sorrisos, flores.

No final é só um remédio amargo,

O que pesa suas costas são o verdadeiro fardo,

Aquele de ter amado,

Tendo seu amor contrariado,

Fazendo do presente seu passado,

Maior que o sentimento mais pesado,

Horrendo que o pior pecado,

Levando do homem ao urso pardo,

Da águia ao lagarto,

Da baleia ao guepardo.

Ela nos carrega por onde andar,

Deixando suas marcas ao pisar,

A única verdade que não pode negar,

Da primeira música no cantar,

A primeira palavra ao falar,

O primeiro remédio para se tomar.

Ela é um fim e um começo,

O botão de recomeço,

Aceito-a ou a esqueço,

Algo que talvez mereço,

Pode fugir, pode correr,

Mas sempre vem por você,

Pode fugir, pode correr,

Mas sempre olha por você,

Pode fugir, pode correr,

Mas a insistência vai permanecer.

Te machuca mais que o envelhecimento,

Do que um presente ciumento,

Ela carrega suas dores do lamento,

Pode pensar que é algo horrendo,

Muito pior que um ferimento,

Pois não há nada mais cruel que o TEMPO.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 14/08/2015
Reeditado em 14/08/2015
Código do texto: T5346558
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