Que não sege rancor
Uma grande tristeza sinto agora em meu peito,
ao último eixo migrado de lágrimas em refluxo.
Que verte abundantemente, alagando em dores, por seu desdeixo,
sufocando as minhas retinas e a garganta em soluços.
Pergunto-me até onde e quando vai tal desprezo em pauta
e o que foi que fiz, ou o que não fiz.
Para que fosse rígida e dramática essa sua indiferente causa,
a ponto de romper uma vida inteira, por um detalhe, por um triz.
Afaste de ti esse malfadado espírito traiçoeiro,
que separa de nossas vidas o que é mais imponente.
O sangue que corre nas veias inflamado e herdeiro,
com a voracidade de um lobo faminto ou inconsequente.
Que não sege rancor, o motivo, nem tampouco a incerteza,
que corrói impiedosamente o seu jovem e imaturo coração.
Ou o doloroso e real fato de uma ingrata peleja,
que fere e deixa marcado ironizando assim, sua incompreensão.
Peço-lhe que resgate a alegria de outrora,
recomesse em festa e prodígios aquele inebriante brilho.
faça-o aproximar-se novamente, como antes, agora
e nos faremos, então, novamente amados, para sempre, pai e filho.