CULPA
Culpa pérfida banhando a alma, morada ausente de perfume suave
Onde bálsamo refrescante sequer desliza gota microscópica
Exala um odor tão oxidante de envelhecer os ossos
Cobrindo a pele com uma sujeira entranhada nada fácil de ser retirada
Culpa cheira à morte, aprisiona, cria nós de difícil desate
E num triste abate faz chorar o prisioneiro
No gemido impiedoso da solidão,perdido feito um cão
Em vielas tão sombrias de cor escarlate
Culpa mórbida, infeliz,gigantesca na sua devastação
Sendo anã em sua instalação,forte em sua raiz
Segue em direção aos moribundos, leva-os ao chão
Pranteando até corar as faces sem sã diretriz
Nesse transcorrer do tempo, urubus passeiam por lá
Julgando terem o alimento daqui a alguns minutos
E obscuro, o prisioneiro entrega-se ao seu algoz
Num mar sanguinário de fragilidades doentias!