O Belo da Desgraça
Para todo aquele que foge da dor,
O mundo será um enfadonho desatino.
Apenas os fortes embebedam-se do horror,
E com a morte dançam, tecendo o destino.
Do fundo do mar, pleno de mistérios,
à superfície de falsa tranquilidade,
nada é seguro! Não! E os fantasmas, tão etéreos,
riem-se da tua tão celebrada "verdade".
Mas como pode ser real, se não sente,
e como permitir que ela desiluda,
quem, em verdade, plantou tal semente,
como o teu coração aceita uma falsa frieza que nada muda?
E aí, finda a farsa, demolida a torre,
encontro-te a tremer e a chorar,
nada te conforta quando a tua ilusão morre?
Nada mais tens para amar?
Ah, criança! Se aceitas um único conselho,
te digo: une-te à dor e procura a sua beleza!
Encara o lado frio, feio e sujo do mundo no espelho,
e beija o que encontraste: o belo da desgraça e da tristeza!