Desconsolo

Minh’alma é cachoeira a jorrar aguas amargas da minha dor
Incessantes tormentos me afligem, tortura-me o vazio que você
Deixou, o silencio dentro de mim devora-me, massacrando
O corpo que te abraçou.
 
Não sou vida, não sou morte, não sou nada, nem ao menos
Tenho paz, ou alegria, meu ser em dor se desfigurou
Quisera que Deus  viesse me buscar, me livrar do tormento
Da ausência que em mim ficou.
 
Meu ser em confusão me acorda em delírios, gritos da alma
Sufocada pelo silencio, nos poucos momentos que durmo
Pareço perder a consciência e me encontro em escombros
E desabo, torturada, sem fome e sem desejo de nada
 
Vejo a vida findado meus dias, e me apego a isso como
Salvação, para não ter que tirá-la a entrego em suas mãos
Este é o canto mais triste que canto; e essa é minha
Oração:
 

Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos às minhas súplicas; escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça.
E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente.
Pois o inimigo perseguiu a minha alma; atropelou-me até ao chão; fez-me habitar na escuridão, como aqueles que morreram há muito.
Pois que o meu espírito se angustia em mim; e o meu coração em mim está desolado.
Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus feitos; medito na obra das tuas mãos.
Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem sede de ti, como terra sedenta. (Ouve-me depressa, ó Senhor; o meu espírito desmaia. Não escondas de mim a tua face, para que não seja semelhante aos que descem à cova.
Faze-me ouvir a tua benignidade pela manhã, pois em ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma... Salmo 143.