Na chuva
As nuvens se formam rápido no caminho para casa
O céu fica escuro e a água começa a cair
Uma chuva fria e triste como meu interior
Tão sombria é esta minha dor
Fico meu percurso inteiro pensando
Sombras vão me cercando
Malditos, malditos
Lá no fundo eu sei o quanto sou um iludido
Há pensar que posso ser um herói
Há imaginar que todos são bons samaritanos
No fundo eu sei que o que almejo a cada dia o mundo destrói
Como um furacão voraz que arrasta e leva tudo
Noite após noite durmo mais conformado com meu mundo
Um emaranhado de teias para todos os lados
Onde cada fio traça uma rota alternativa diferente
E são tantos os caminhos que acabo ficando preso na indecisão
Como um tolo sempre busco em meu coração a solução
Desprezando a lógica e agindo sempre por emoção
Assim eu sou
Um poeta mal compreendido
Um louco para todos
Sempre o primeiro a ser esquecido ou desmerecido
Pois o que falo vira vento
Para eles sou a eterna piada
Ou um eterno menino
Malditos, Malditos
Um dia vou superar esta chuva que não acaba
Um dia esta água há de parar de cair
Um dia ou jamais serei um homem crescido
Um senhor do meu destino
Guerreiro do tempo e senhor do meu ninho
Até lá continuou a me molhar
Tendo minhas roupas sempre umidecidas
Manchadas pelo suor
Pelo sangue invisível
Pela nódoa de molho enegrecida
Do almoço ou janta solitários
Mesmo na mesa cercado
Na maioria das vezes me sinto isolado
Às vezes parece-me melhor vagar sem rumo na tempestade
Pois quando ninguém me escuta
Lá de cima eu sei que ele me entende e sempre acreditará nas minhas verdades
Assim eu sou
Um vago e reflexivo viajante
Um escritor,
Um sonhador
Um poeta,
Desenhista sem talento
Um programador lento
Criador de realidades alternativas
No meu pequeno universo chamado imaginação
Sustentado por meia dúzia de desejos e uma centelha de esperança
Desta forma vou me abrigando dia sim dia não da chuva
Vivendo cada segundo vago numa espécie de alternância
Ligado, desligado
Vivo ou morto
Acordado ou dormindo
Sorrindo ou forçando riso
Fazendo tudo que seja preciso
Sobrevivendo cada nova manhã e fim de noite de uma forma que me arrisco
A ficar eternamente nesta rua deserta e chuvosa
Ou no meu meigo sonho que chamo de vida
Oh senhorita como eu te amo minha querida.
As estrelas voltaram a aparecer e junto delas o meu bom humor
Como é difícil suprir e curar todas essas feridas apenas com meu doce amor <3.