RESTOS DE DESVENTURA
Nas noites, sentia a presença da companhia
que me trazia uma triste e dolorosa solidão,
nunca vinha acompanhada de uma poesia
tinha rimas tristes em sua singela canção.
Mas resisti a cegueira,o que não me priva
minha visão sempre forte não foi apagando,
nunca me tornei na vida, um barco a deriva
conduzi o pensamento, a alma enganando.
E na noite, a companheira que me oferece
certo caminho, que a tristeza não traduz,
sabendo que ele não existe, rápido esquece
ao pensar que nele, nunca verei uma luz.
Dominante, sem usar palavras, nunca fala,
mas penetrante como uma dor da saudade,
e o meu sentimento, sem defesa,se cala
não reagem, deixam que matem sem piedade.
Os olhos se sentem cansados e tristonhos
mas olham para o futuro, o passado cansa.
já não enxergam mais o mundo dos sonhos
já apagaram a visão de alguma esperança.
O que lá distante, embaçado ainda vejo,
são fumaças, são restos de desventura,
com a minha alma ainda viva,sinto, desejo,
desvencilhar da companhia que me tortura.