RESTOS DE DESVENTURA

Nas noites, sentia a presença da companhia

que me trazia uma triste e dolorosa solidão,

nunca vinha acompanhada de uma poesia

tinha rimas tristes em sua singela canção.

Mas resisti a cegueira,o que não me priva

minha visão sempre forte não foi apagando,

nunca me tornei na vida, um barco a deriva

conduzi o pensamento, a alma enganando.

E na noite, a companheira que me oferece

certo caminho, que a tristeza não traduz,

sabendo que ele não existe, rápido esquece

ao pensar que nele, nunca verei uma luz.

Dominante, sem usar palavras, nunca fala,

mas penetrante como uma dor da saudade,

e o meu sentimento, sem defesa,se cala

não reagem, deixam que matem sem piedade.

Os olhos se sentem cansados e tristonhos

mas olham para o futuro, o passado cansa.

já não enxergam mais o mundo dos sonhos

já apagaram a visão de alguma esperança.

O que lá distante, embaçado ainda vejo,

são fumaças, são restos de desventura,

com a minha alma ainda viva,sinto, desejo,

desvencilhar da companhia que me tortura.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 28/06/2015
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