O canto de um breve poema
Queria ouvir o canto das meretrizes,
E sentir a mordida do vampiro em seu seio;
Mas o choro da criança é abafado
Pelo perigo de que sofrem os infelizes,
Pois entre a vida e a morte estou no meio:
Quero amar um coração pequeno...
O coro da moçada a fazer talento,
Errando o acerto o qual me é isento...
Como remediar a minha doença,
Se cada um dela padece,
Sentir a vida de uma criança
Escorrer da mãe a cuja pertence...
O tempo passa e a máquina escuta
O choro triste que o calar sensura...
Quero sentir o meu próprio poema
Virar poesia de uma musa futura...
Oh, meu doce sovejo, em verso primeiro,
Quero abafar cantando: Oh, meu doce veneno,
Quero escutar o âmago de um verso inteiro:
Oh, escutai por último, o meu verso-inseno...