Lágrima solitária
A gélida e solitária lágrima...
Misantrópica na escuridão...
Em face melancólica e pálida
Se arrasta, vai gemendo até o chão...
Emana ela desde as poças ingrimes,
Escava do topo, vai até o val,
Arrastada...suma humana trás íntima,
Nela o sentimento do final.
Acabrunha as entranhas e o estômago,
Direcionada ao centro do ser,
Ferindo com pungência, vai ao âmago,
Dando amargo gosto do sofrer.
Com a lágrima, toda a matéria
Estremece, o ar fica a murmurar,
Com o frio, tal o da Sibéria,
A triste gota fere sem par.
Pela vã tragédia sumária,
Chora pelo fim desta ilusão.
Tua forma de vida é arbitrária,
Mas a frieza da morte, não!