INFINITAMENTE
Eterna partida, um misto
De profundo silêncio e infinita ruidosa dor.
Falam intensamente os olhos no imprevisto
Perdidos no repentino e dolorido silêncio.
Torpor,
Confundem-se as mãos, prenúncio,
Agarram-se, não seguram, porém.
Posições de entrega ou de amém?
Intensos olhares, funda compreensão mútua
São rastros sanguíneos entrelaçados.
Peles, genes experimentando a separação,
Corte, almas dilaceradas.
Fio que se rompe,
Mãos agarradas
Soltando-se passivas,
Dos quintais e das mesas
Separadas
Suplício sem fim em lágrimas contidas
Grandes portas e janelas, autodefesa
Abertas, inúteis corridas,
Palavras desconexas sem respostas,
Sons incoerentes, mãos unidas, postas.
Caminhadas interrompidas,
Silêncios e soluços
Mudos.
Passos silentes,
Noite a dentro.
Poema em solidariedade à dor da amiga Tânia Meneses,
dor que experimentei e que conheço, quando da partida de dois irmãos meus e de minha mãe, esta que se foi olhando-me nos olhos, segurando minhas mãos e beijando-as em despedida.
Tânia, desculpe-me o atrevimento de tentar compreender-lhe o sentimento.
Dalva Molina Mansano
27.05.2015
10:43